Inchaço urbano: as grandes cidades pedem socorro
Cada vez mais pessoas moram nos centros urbanos, ou seja, nas grandes cidades e suas regiões metropolitanas. Famílias do interior, de municípios menores ou até mesmo imigrantes de outros países, se deslocam para as capitais em busca de emprego e melhores condições de vida. Esse fenômeno é especialmente complexo em nações em desenvolvimento, como o Brasil. Com 13 milhões de desempregados, nosso país é ineficiente em gerar oportunidades descentralizadas. Com tanta gente vivendo no mesmo espaço, sofremos com o inchaço urbano.
A Secretaria de Educação do Paraná define a expressão “inchaço urbano” como “o reflexo do crescimento desordenado das cidades que, em contrapartida, está associado aos problemas sociais e de infraestrutura”. Por falta de trabalho em outras localidades, como no campo ou em cidades menores, as pessoas se mudam para as capitais. Sem investimentos em estruturas e serviços públicos, esses centros urbanos ficam lotados, desorganizados e com baixa qualidade de vida. Surgem problemas como transporte deficiente, falta de moradia, pobreza e violência.
Inchaço urbano prejudica a mobilidade nas cidades
Mobilidade é a “faculdade de mover-se”, segundo o dicionário. Nas cidades, mobilidade urbana se traduz como a capacidade de locomoção e as estruturas disponíveis para as pessoas irem de um lugar a outro. Indica como os cidadãos vão para o trabalho, como as crianças e jovens chegam à escola, como as famílias passeiam nos finais de semana. Nos centros urbanos lotados de moradores, como é o caso de muitas capitais brasileiras, as opções de transporte são precárias ou insuficientes. Não tem carro, metrô, ônibus ou ciclovia para todo mundo. O resultado é aquele cenário bem familiar: pontos abarrotados, trânsito, e trabalhadores tendo que deixar suas casas bem cedo para chegar a tempo no serviço.
Rafael Calábria é pesquisador de mobilidade urbana no Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e acredita que não damos a atenção devida ao transporte coletivo. Em entrevista ao Jornal Nexo, ele comentou sobre a situação em São Paulo, um centro urbano inchado onde vivem mais de 12 milhões de pessoas. “Um ponto principal que envolve desde planejamento urbano até questões culturais é mudar o foco e as priorizações das obras de infraestrutura, ainda hoje muito voltados para o carro, enquanto as obras de corredores de ônibus, por exemplo, se arrastam e são muito mais burocratizadas. Você não vê obra de alargamento de calçadas acontecendo, mas vê obras de alargamento viário. Essa mentalidade e as metodologias deveriam ser mudadas porque ainda precisamos avançar muito em corredores de ônibus na cidade”.
Centros urbanos lotados não têm casa para todo mundo
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 84% da população do nosso país vivem em cidades. O problema é que não tem casa para todo mundo. Isso é chamado de “déficit habitacional”. Uma matéria do jornal Valor Econômico mostra os resultados de um estudo sobre esse tema feito pela Fundação Getúlio Vargas. A pesquisa diz que o Brasil tem um déficit imobiliário de 7,757 milhões de moradias. A reportagem explica que “a maior parte do déficit habitacional brasileiro é provocada por famílias com um grande comprometimento da renda com o pagamento de aluguel (3,27 milhões) e pela coabitação – famílias dividindo o mesmo teto (3,22 milhões). As chamadas habitações precárias são 942,6 mil moradias e o restante (317,8 mil) pertence ao chamado adensamento excessivo, ou muita gente morando no mesmo lugar”. São números impressionantes.
A vida precária da população urbana mais pobre
A falta de acesso à transporte, emprego ou moradia, leva à pobreza. O Lincoln Institute of Land Policy resume assim a precariedade da situação: “Conforme as cidades do mundo crescem em uma velocidade sem precedentes, milhões de pessoas mudam para assentamentos não planejados que se espalham em encostas instáveis, regiões costeiras vulneráveis e periferias urbanas. Esses assentamentos, moradia de 25% de todos os residentes urbanos do mundo, constituem a maioria do crescimento urbano nas regiões em desenvolvimento. Eles geralmente não têm saneamento básico ou água potável”.
Como resolver o problema?
O site Mobilize-se, especializado em mobilidade sustentável, oferece algumas ideias para diminuir as dificuldades resultantes da concentração de pessoas em centros urbanos. Comentando um caso no Chile, especialistas listaram três ações essenciais para combater o inchaço urbano:
Fontes:
Secretaria de Educação do Paraná
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=266&evento=2
Mobilize-se
https://www.mobilize.org.br/noticias/10403/tres-propostas-para-evitar-o-inchaco-urbano.html
Jornal Nexo
IBGE
Valor Econômico
Lincoln Institute of Land Policy
https://www.lincolninst.edu/pt-br/temas-criticos/informalidade-e-pobreza-urbana