A floresta amazônica tornou-se um dos assuntos mais comentados, recentemente, por conta dos inúmeros focos de incêndio detectados na área. O problema chamou a atenção de líderes de diferentes países, além de ativistas e cidadãos do Brasil e do mundo.
Com mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, a floresta se faz presente em nove países: Brasil, Bolívia, Equador, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. As queimadas, entretanto, aconteceram prioritariamente no território brasileiro.
Os incêndios na Amazônia
Fogo e desmatamentos não são novidades na Amazônia. Ainda assim, os números registrados em 2019 estão bem acima dos usuais. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento da Amazônia Legal, até julho deste ano, foi 2078% maior que no mesmo período do ano passado. Uma análise técnica do Instituto de Pesquisas Ambiental da Amazônia (Ipam), divulgada pela revista Exame, mostra que desmatamento e focos de fogo andam juntos, “As dez cidades amazônicas com mais focos de fogo também tiveram as maiores taxas de desmate. Para os cientistas do Ipam, a concentração nessas áreas, com estiagem branda, indica o caráter intencional dos incêndios para limpar desmate recente”, diz a reportagem. O Inpe identificou mais de 39 mil focos de incêndio nos estados de Roraima, Mato Grosso, Pará, Amazonas, Tocantins, Rondônia, Maranhão e Acre.
Reações internacionais
Importantes jornais de vários países destacaram a situação e a hashtag #PrayForTheAmazon (reze pela Amazônia) ficou entre as mais populares do Twitter, em agosto. Líderes internacionais manifestaram solidariedade com o Brasil, mas, também, apreensão com a falta de propostas para resolver o problema.
António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que a Amazônia “é um recurso essencial para todos”. Para ele, “todos esses incêndios são extremamente perigosos e é necessário fazer de tudo para detê-los. Acredito que a comunidade internacional precisa se mobilizar fortemente para apoiar os países amazônicos, a fim de fazer essas duas coisas: parar o incêndio o mais rápido possível com todos os meios possíveis e, em seguida, ter uma política de reflorestamento consistente.”
A ativista do clima, Greta Thunberg, que estava velejando em direção a Nova York na ocasião, postou que “Mesmo aqui no meio do Oceano Atlântico, eu ouço sobre a quantidade recorde de incêndios devastadores na Amazônia. Meus pensamentos estão com os afetados. Nossa guerra contra a natureza deve acabar”.
Por causa da falta de soluções para as queimadas, autoridades da Alemanha e da Noruega suspenderam ajuda financeira ao Fundo da Amazônia. Juntas, as duas nações deixaram de enviar R$ 288 milhões. O fundo é uma iniciativa para “captar doações para investimentos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, de promoção da conservação, e para o uso sustentável da Amazônia Legal”.
G7 oferece ajuda ao Brasil
Alguns países chegaram a pedir boicote a produtos brasileiros para pressionar nosso país a agir mais enfaticamente contra as queimadas. A Finlândia sugeriu suspender a compra de carne do Brasil e a França ameaçou deixar o acordo de livre comércio do Brasil com a União Europeia.
Reunidos para o G7 (encontro das maiores economias do mundo), França, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Itália, Japão e o Reino Unido resolveram não punir o Brasil, mas sim, enviar ajuda. Os países liberaram 20 milhões de dólares para o combate aos incêndios na floresta.
Como o fogo na Amazônia começou e quem são os responsáveis
A Polícia Federal ainda está investigando a origem das chamas que se alastraram pela Floresta Amazônica. Segundo uma reportagem da revista Globo Rural, um grupo teria planejado atear fogo a áreas de floresta entre os municípios de Altamira e Novo Progresso, sudoeste do Pará, no dia 10 de agosto. A data que chegou a ser batizada, por produtores rurais da região, como “dia do fogo”. Ao ser informado da suspeita, o ministro da justiça Sérgio Moro publicou em seu twitter que “a polícia federal vai apurar o fato. Incêndios criminosos na Amazônia serão severamente punidos”.
E agora?
O Brasil ainda está lidando com a repercussão política e ambiental das queimadas. Enquanto isso, em entrevista para o Jornal Nexo, o professor de física da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Artaxo explicou os impactos que os incêndios na Amazônia terão sobre o futuro do meio ambiente brasileiro. “Uma das consequências a longo prazo é o agravamento do efeito estufa. Quando se queima um hectare [área equivalente a 10 mil m²] da Floresta Amazônica, são emitidas em torno de 150 toneladas de dióxido de carbono [CO₂] para a atmosfera. Além disso, o fogo prejudica os serviços ambientais que a floresta realiza — por exemplo, processamento de vapor de água e preservação da biodiversidade do planeta. Quando se derruba floresta e se substitui por área de pastagem ou plantação, evidentemente se deixa de realizar esses serviços ambientais fundamentais para manter os ecossistemas. Quando se queima, a pluma de poluentes atmosféricos (carregada de ozônio, monóxido de carbono e partículas) viaja por longas distâncias e passa por várias áreas urbanas, no Brasil central e no sul do Brasil, impactando negativamente a saúde das pessoas”.
Fontes:
Revista Exame https://exame.abril.com.br/mundo/onu-e-greta-thunberg-dizem-estar-preocupado-com-incendios-na-amazonia/
Jornal A Crítica
https://www.acritica.com/channels/governo/news/focos-de-incendio-na-amazonia-cairam-16-em-setembro-diz-inpe
ONU Brasil
https://nacoesunidas.org/no-japao-guterres-cita-incendios-na-amazonia-e-desastres-agravados-por-mudancas-climaticas/
Nexo Jornal
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/08/22/Fogo-na-Amaz%C3%B4nia-a-press%C3%A3o-interna-e-externa-sobre-Bolsonaro
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2019/09/08/%E2%80%98Nenhum-inc%C3%AAndio-florestal-na-Amaz%C3%B4nia-%C3%A9-natural%E2%80%99
Fundo Amazônia
http://www.fundoamazonia.gov.br/pt/home/
Folha de São Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/08/g7-libera-r-91-milhoes-para-amazonia-e-anuncia-apoio-a-plano-de-reflorestamento.shtml
Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2019-08/pf-vai-investigar-grupo-que-teria-planejado-atear-fogo-em-floresta